domingo, 14 de março de 2010

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Acabei de escrever uma música nova! Inspirada em fatos ocorridos comigo, mas também com pessoas próximas e queridas. É a vida, e é bonita, é bonita..!


Tempo

Cada um vem no seu tempo
eu no meu, você no teu
cada um na sua estrada
encontros eventuais
cada qual sua bagagem
muito arroz, muito feijão
vida longa, paz, saúde
beijo noutra ocasião

Segue reto pela sombra
que o sol tá de rachar
leva água prá viagem
não se vá desidratar
Com coragem e muita fé
vou seguindo e vou a pé
se quiser me encontra à tarde
que'u vou ver o pôr-do-sol

'Inda que me dê vontade
não lamento a partida
que na vida tem esquina
prá gente se esbarrar
Vou mudando e construindo
o caminho que escolhi
como disse um poeta
ele se faz ao andar

Não te nego e mando um salve
porque a vida é assim
o que é melhor prá mim
nem sempre é o bom prá ti
No seu tempo, no meu tempo
talvez a gente se veja
vai, amigo, vive, viva!
que eu também vou viver.


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Acho que vou ficando por aqui nas transposições. Vou pôr uma música para finalizar, publicada pela primeira vez em 16 de julho de 2006. Talvez amanhã, ou em breve, eu publique um vídeo com ela cantada para deixar a melodia registrada, já que partituras e eu somos grandes desconhecidas.



Macunaíma

Êá, má venha brincar
Êá, má venha brincar
Êá, má venha brincar de Macunaíma... (refrão 2x)

Essa cara de bom moço não me engana
Fica aí só nessa de provocação
Chega sempre só e bem devagarinho
Tá pensando que eu não percebo, não?
Desse jogo que você está brincando
dá prá mais de um jogar também
Não me venha reclamar mais tarde
que à noite o mesmo pensamento vem.

Êá... (repete refrão)

Vem com essa brincadeira besta
depois corre prá voltar pro bando
porque sabe que se eu aceitar
não vai conseguir fugir,
não vai mais querer parar!

Êá... (idem)

Eu te mostro o que há de acontecer
se eu perceber esse sorriso cínico
Se fazendo de inocente, que cara-de-pau!
Te jogo na minha rede
e vou até o final!

Êá... (idem e repete "de Macunaíma" indefinidamente)

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Este texto foi publicado pela primeira vez no dia do aniversário de 49 anos da minha mãe. Foi escrito para a publicação de um fanzine que os Escritores Infames editaram em Bauru. Os Infames somos amigos que nos juntamos para escrever, expôr-nos uns aos outros e festejar sempre que possível. Infelizmente só tivemos uma edição de nosso fanzine querido. Como era o primeiro, o tema era "primeira vez". Não ser óbvio fazia parte da brincadeira.



Ela entrara em sua casa pela primeira vez naquele mesmo dia. Dia! Já era fim da tarde, na verdade. Veio trazida por um amigo em comum e já havia largado copos pela casa com sobras de água e Saint Remy como se estivesse em sua própria sala. Esquecera uma saia no banheiro quando se trocara para irem à festa e usou sua pasta de dentes de manhã quando acordou! No dia seguinte, duas horas depois de terem ido dormir (ela no sofá da sala, ele em sua própria cama, esclareça-se!), teve a audácia de acordá-lo para levá-la até o metrô! Hmm, ok, ele mesmo se oferecera...

Deixou aquele ser na plataforma de ônibus, despediram-se, ela entrou em seu "para todos" e ele seguiu em sua moto voltando para casa. E no caminho ía lembrando, pensando, analisando cabalisticamente aqueles olhares nada furtivos que ela jogava contra ele enquanto dançava, girava, malucava ao som de prodígios e outros bichos. Aqueles olhares afogueantes que ele tentara bravamente fingir que não estava notando. Aqueles primeiros atrevimentos...


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Este poema, tão curtinho, é muito querido por mim. Acho que fala muito sobre mim, sobre o ser humano de modo geral. Foi publicado pela primeira vez em 19 de maio de 2006 e também nunca foi nomeado.



Então fez-se o inverno!
E de cada suspiro, a névoa;
do sopro o calor.
E mesmo que o frio azule tudo por fora,
por dentro é rubro,
por dentro é quente.

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Esse texto foi postado pela primeira vez no dia 24 de abril de 2006, com uma pequena alteração e não tem nome.

Olhou-o nos olhos. Ele baixou os dele. Continuou encarando-o e ele sentia seu olhar como um tapa. Doía muito mais do que uma surra. Quis erguer os olhos e mandar que se calasse, mas ela não dizia nada. Queria sacudi-la e bater nela por fazê-lo sentir-se assim. Queria que ela gritasse e brigasse com ele, mas ela não fez nada disso. E a odiou por isso, por não apontá-lo, por não massacrá-lo, por não fazer dele uma vítima, por não lhe dar uma desculpa, por não minimizar sua culpa sendo pior, sequer igual. Quando ele conseguiu erguer os olhos, os dela não estavam mais duros como antes. Não eram brandos também. Apenas eram. Então ela se virou e se foi. Quis ir atrás dela, chegou a erguer o braço para impedi-la. Entretanto não podia. Não podia mais. Não tinha mais esse direito. Baixou a cabeça sentindo sua presença desvanecer. E ela se foi.
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Bom, cá estamos novamente. Já tive um blog algum tempo atrás, mas há meses o abandonei. Fiquei com vontade de fazer um blog novamente depois de ver um fotolog de um amigo. Como não faço questão das fotos, um blog me serve bem. Entretanto, não quero retomar o antigo endereço, quero começar tudo novo de novo. Aliás, não tão novo assim. Vou começar a postar alguns escritos meus aqui. Poemas, músicas, textos, talvez alguns vídeos, ou seja, eu. Grande parte será transportada de um tópico do Orkut para cá, por isso haverá muita coisa de uma vez e depois mais espaçadamente. Bom, chega de explicações, vamos ao que interessa...
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